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A crise e o comércio

  A crise hídrica afetou principalmente o comércio de Piracicaba. A venda de produtos em lojas e feiras de artesanato depende principalmente dos turistas que visitam o Rio Piracicaba e a rua do Porto, a baixa vazão do rio durante a seca afastou os visitantes, que se incomodavam com o mal cheiro do rio. 

 

  A artesã Maria José Ribeiro (foto) participa há cinco anos da feira de Piracicaba e nos explicou os impactos da seca nas suas vendas “Nos prejudicou bastante (a seca), porque o odor do rio era insuportável. Era lodo puro. Então quem viria almoçar para sentir o mal cheiro daqui? Não vinha. Então foi prejuízo”.

 

A seca também foi cruel para fauna do rio Piracicaba, Maria nos contou que durante os momentos mais críticos da seca era triste ver o rio, pois o que mais se via eram peixes mortos. “Eu vi outra crise, mas eu tinha dez anos de idade, quando teve uma seca enorme. Mas essa foi muito deprimente pela quantidade de peixes que morreram. A gente chegou a chora de ver os peixes se agonizando. Tinha vontade de jogar água no rio para ver se melhorava. E não era só o peixe não, tinha cágados que se agonizavam também".

 

  A crise foi fundamental para deixar a população atenta aos riscos que corremos ao utilizar exaustivamente os recursos naturais e sem nenhuma forma de conscientização, Maria nos fala que sempre teve consciência, mas foi necessário adotar novos hábitos. “Fiquei mais de um mês sem lavar um quintal.  Aproveitava uma parte do quintal onde tem os 4 cachorros usava água da máquina, uso até hoje. Não é porque choveu que a crise vai passar”. 

 

  A artesã concluiu, que a consciência individual é fundamental para preservação e boa utilização da água, atitudes simples como reciclar o lixo, não lavar o carro com a mangueira liga, tomar banhos mais curtos e criar maneiras alternativas para o reuso da água são atitudes capazes de causar impactos positivos para a recuperação do volume dos rios. 

Maria José Ribeiro, artesã

Desafios em "vender o peixe" durante a crise

  Os restaurantes de Piracicaba também sofreram os impactos resultantes da crise hídrica no estado, entrevistamos Raquel Facel (foto), proprietária de um restaurante na rua do Porto, principal ponto turístico da cidade.

 

  Para Raquel, a crise pode ser sentida efetivamente desde o ano passado, mesmo Piracicaba não tendo racionamento de água, foi necessário fazer adequações no restaurante. “Trocamos boa parte dos nossos utensílios por materiais descartáveis, dessa forma foi possível reduzir mais de 50% do nosso consumo de água, que utilizávamos para lavar a louça. Tive de aceitação por parte dos clientes, alguns não aceitam e acham um absurdo tomar um refrigerante em um (copo) descartável. Tem os que exigem o copo de vidro, só que antes de servir o cliente eu venho conscientizar ele. Falo se ele está consciente de que cada copo que ele usar eu vou precisar de três copos de água para lavar. Eu vou servir, mas a consciência é sua que eu vou precisar gastar agua em relação a isso.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  A comerciante nos contou que suas expectativas para o ano de 2015 talvez sejam piores, pois as represas estão com o volume baixo e chuvas ainda não foram suficientes para recuperar o volume perdido. 

 

  Foi necessário criar novas formas de abordagem aos clientes, já que o comércio e o turismo na cidade estavam com dificuldades. “Incluir novos itens no cardápio, mais vagas de estacionamento, o modo de aborda... Tudo isso é fundamental para atrair o cliente em tempos de crise".

 

  Mesmo a cidade de Piracicaba tratando 90% do esgoto, a agua do rio Piracicaba não é potável, pois chega a cidade poluído, devido a algumas cidades da região não tratarem adequadamente as aguas que é devolvida ao rio. Para Raquel, o cheiro do rio foi o maior motivo do afastamento dos turistas durante o período de seca. “O turista não vinha por que ele entrava em Piracicaba e o cheio de agua parada os distanciava. Eu não vou à beira do rio comer um peixe com um cheiro desse. Mesmo o ponto onde fica o nosso restaurante não sofrendo com esse problema, turista não sabe. Quem não conhece entra em Piracicaba e acha que a orla turística toda está dessa maneira.”

 

  Para ela, a cheia do rio em 2011 foi pior, pois alagou todos os restaurantes na orla, causando grandes perdas financeiras para os comerciantes. Hoje em dia não há a possibilidade disso acontecer tão cedo, as represas estão segurando o volume de água, fazendo com que a quantidade de agua no ao longo da Rua do Porto seja baixa, causando prejuízos financeiros a longo prazo, diminuindo gradativamente a quantidade de turistas que visitam a cidade com o intuito de conhecer as belezas naturais da cidade.

 

Motorista de trenzinho usa 30 ml de água para lavar veículo

  Além de todos os atrativos da Rua do Porto tem também o trenzinho turístico da cidade.  

 

  O rio Piracicaba por ser um dos maiores chafarizes da Rua do Porto, prejudicou o turismo na localidade com a seca que enfrentou em 2014 e, consequentemente afetou o público do trenzinho.  

 

  O único ponto do trem é na Rua do Porto, Eduardo Zambianco (imagem), 38, motorista do trenzinho, diz que em dois anos trabalhando no local, o fluxo de pessoas com a seca diminuiu muito.  

 

  Eduardo diz que a culpa da crise hídrica se deve a todos da população.  

 

  "Uma seca desse porte é difícil falar que foi culpa só da politica ou só da população. Eu acho que é todo mundo junto. Cada um tem a sua parcela." 

 

  Para evitar o desperdício, Eduardo faz a lavagem a seco do trenzinho com apenas 30 ml de água.  

 

  Com a cheia do rio nos últimos meses, o número de visitantes na Rua do Porto retornou a crescer e, o público no trenzinho voltou, uma vez que, o Rio Piracicaba é quem atrai os turistas ao local. 

 

FIQUE CIENTE DO SEU CONSUMO MENSAL

 

 

 Informações da Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiai (ARESPCJ) identificam o consumo de água por pessoa em residências.  

 

  Verique seu consumo mensal em metros cúbicos marcados na última conta de água. Se o resultado for maior que o indicado pode haver vazamentos ou desperdicios no imóvel. Repita a verificação todos os meses.  

 

Em caso de vazamentos em ruas ou calçadas comunique o prestador desse serviço na sua cidade.  

Nota: 1 metro cubico = 1000 litros 

 

 

consumo de água por pessoa
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